INTERFERENCES / INTERFERÊNCIAS
THE EXHIBITION :
GALLERY LINDOLF BELL, CIC FLORIANÓPOLIS
APRIL 29th - JUNE 2nd, 2014
Interference and the doubts it generates are fundamental to our development and the work that results. They oblige us to work to maintain the required dynamic state of lucid confidence. The direction taken by our lives is often dictated in large part by some form of interference, whether self-imposed or of external origins, sometimes expected, other times surprising, often of a positive nature but sometimes disastrously negative in consequences.
Interference of diverse varieties affects not only our personal lives but our professional lives as well, leading us into uncharted waters and forcing us to dig deeply into our latent capacity for survival in conditions that permit us to continue evolving. Interference is what separates our dreams from what actually happens to us. It is omnipresent. It is also one of the only ways we have of provoking change in ourselves, of challenging ourselves to be brutally honest about what we feel and what we think and questioning the true nature of our motives.
The exhibition includes the work of three generations of artist-teachers: that of my only professor, American architect/photographer/designer, Ted Scott, my work of the past three years and that of a new generation of artists who have participated in Creative Process residencies and workshops that I have created in Florianópolis since 2011. The condition for participating in these programs is a thirst for exploration, a passion for risk-taking and a solemn promise to assume the responsibility for sharing all their knowledge and experience without restriction with the next generation. It is a serious responsibility and one that must not be taken lightly.
The notion of creating artwork and teaching go hand-in-hand for me. I confess that I have never understood what a teacher who is not, and never was, an artist could possibly have to teach that would be of practical, long-term use to young artists and that couldn’t be found in existing reference books, as I have never understood artists who have no time to teach and by neglecting this noble pastime forfeit the opportunity to be challenged and stimulated by young minds almost always more agile and more in tune with contemporary society than their own.
Scott MacLeay
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A EXPOSIÇÃO :
GALERIA LINDOLF BELL, CIC, FLORIANÓPOLIS
29 DE ABRIL - 02 DE JUNHO, 2014
A direção tomada por nossas vidas é muitas vezes ditada em grande parte por algum tipo de interferência, que seja auto-imposta ou originada externamente, por vezes esperada, outras vezes surpreendente, muitas vezes de natureza positiva mas, às vezes, desastrosamente negativa em consequências .
Interferência de diversas formas afeta não somente nossa vida pessoal, mas nossa vida profissional também, levando-nos por águas desconhecidas e obrigando-nos a escavar profundamente em nossa capacidade latente de sobrevivência em condições que nos permite continuar evoluindo. Interferência é o que separa os nossos sonhos do que realmente acontece conosco. Ela é onipresente. É também uma das únicas maneiras que temos de provocar mudanças em nós mesmos, desafiando-nos a ser brutalmente honestos sobre o que sentimos e o que pensamos e questionar a verdadeira natureza dos nossos motivos.
A exposição inclui o trabalho de três gerações de artistas-professores: o do meu único professor, Ted Scott, o meu trabalho dos últimos três anos e o de uma nova geração de artistas que participaram de residências e workshops do Processo Criativo que criei em Florianópolis desde 2011. A condição para participar destes programas é a sede de exploração, uma paixão pela assunção de risco e uma promessa solene de assumir a responsabilidade de compartilhar todo o seu conhecimento e experiência, sem restrições, com a próxima geração. É uma responsabilidade séria e que não deve ser tomada de forma leviana.
As noções de criar obra de arte e de ensinar andam de mãos dadas para mim. Confesso que nunca entendi o que um professor que não é e nunca foi um artista praticante pode ter a ensinar que seja utilidade prática a longo prazo para jovens artistas e que não pode ser encontrado em livros de referência existentes, como eu nunca entendi artistas que não têm tempo para ensinar e negligenciam este nobre passatempo perdendo a oportunidade de ser desafiado e estimulado por mentes jovens quase sempre mais ágeis e mais em sintonia com a sociedade contemporânea do que a sua própria.
Scott MacLeay
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PENSAR, SENTIR, VER
Pensar, Sentir, Ver: Percepção e processo em fotografia
De Scott MacLeay
Esta coleção de ensaios é um olhar provocante, cosmopolita e altamente pessoal sobre o processo de conceituar e fazer imagens fotográficas hoje, e a importância da polinização cruzada com os processos criativos que enquadram outras formas de expressão artística nas artes visuais e performáticas. Como um artista que acredita firmemente na importância da partilha irrestrita de informações, técnicas e processos, o objetivo de MacLeay ao apresentar esta coleção é claro desde o início: incitar constante o questionamento do status quo, promovendo a exploração de estruturas conceituais alternativas afim de provocar análises, debates e mudanças inovadoras na forma como abordamos e definimos a fotografia contemporânea.
A Editora Photos lança o livro do fotógrafo Scott Macleay que provoca uma análise mais profunda sobre como identificamos a fotografia contemporânea.
O livro “Pensar, Sentir, Ver – percepção e processo em fotografia”, do fotógrafo Scott Macleay foi lançado em pré-venda hoje, 20, pela Editora Photos. O fotógrafo está participando do Festival de Fotografia de Tiradentes, o Foto em Pauta, desde quarta-feira, 18, até domingo, 22, onde está lançando o livro em pré-venda também.
Para a gerente de vendas, Jorgiane Ewald, este livro é um marco na história da Editora Photos, pois o objetivo desta obra é provocar uma análise mais profunda sobre como identificamos a fotografia contemporânea. “Tenho certeza que, ao lerem o livro, que se trata de uma verdadeira obra de arte, seus olhares e conceitos sobre cor, composição e processo criativo ficarão mais enaltecidos”.
Para aproximar o leitor do trabalho do fotógrafo e da abordagem do livro, o Portal Photos realizou uma entrevista com o fotógrafo que compartilha seus conhecimentos, experiências e trabalhos. Confira!
Portal Photos: Como foi seu primeiro contato com a fotografia?
Scott Macleay: Foi puramente por acaso. Eu estava entediado com meus estudos de doutorado em teoria econômica, em Vancouver, em 1975, e decidi fazer um curso em técnicas de laboratório em fotografia P&B, apenas para distrair. Foi um curso noturno de 8 semanas, com uma aula por semana e quando terminado, parei meus estudos de doutorado, devolvi o dinheiro da bolsa e comecei a aprender como fazer imagens.
Em um ano eu estava trabalhando comercialmente, fazendo retratos editoriais e trabalhos de moda. Fui atraído rapidamente pelo trabalho em cor e comecei a experimentar com uma nova geração de paletas de cores em 1977. Trabalhei meses no estúdio para ganhar controle sobre as cores que eu queria, estudando e testando centenas de combinações de texturas de tecidos e papéis e saturações de cor utilizando diferentes qualidades e diferentes tempos de exposição e de revelação de filme. Este trabalho permitiu-me criar a paleta e a sensação bidimensional necessárias para a minha primeira série “ATTITUDES”, iniciada em Vancouver em 1978 e terminada em Paris, em 1980. Quando ATTITUDES foi concluída, eu já não fazia qualquer trabalho comercial e estava firmemente empenhado em fazer trabalho autoral de cor, mesmo que este ainda fosse relativamente raro na época. A tirania da fotografia P&B full frame ainda tinha um forte controle sobre a mídia.
PP: É possível perceber traços comuns em suas fotografias. Como você definiria seu estilo fotográfico?
SM: Eu não acho que tenho um estilo, pelo menos não no sentido tradicional do termo e para ser honesto, particularmente não gosto da palavra estilo. É um conceito que me parece estar muito ligado a preocupações estéticas e, na maior parte dos casos, ligado a critérios de orientação comercial.
Se por esta questão você quer perguntar como eu qualificaria o meu trabalho, então eu posso tentar uma resposta. Eu diria que meu trabalho sempre esteve preocupado com o desenvolvimento dos processos conceituais e técnicas ao serviço de expressar ideias/sensações/estados de espírito de natureza bastante intangível. Eu nunca estive preocupado com a transmissão de mensagens ou em tentar reunir pessoas em prol de uma causa. Conteúdo no sentido tradicional de representar em duas dimensões um mundo a minha volta de 3 dimensões não é de meu interesse e nunca foi. Talvez o meu trabalho seja visualmente diferente da maioria dos outros trabalhos, porque seu conteúdo não dita suas qualidades estéticas. O resultado visual nasce de exigências ditadas pela estrutura conceitual.
PP: Atualmente, seu trabalho é mais autoral e artístico do que comercial. Como funciona viver de arte no Brasil? E como você avalia a importância de conhecer novas artes para agregar na fotografia?
SM: Eu parei de fazer trabalho comercial em 1980. Percebi que tinha que me dedicar ao meu trabalho autoral. Não foi uma escolha. Era imperativo. Logo no início eu ganhava a vida em Paris, uma vez que fundei o Departamento de Fotografia no American Center for Artists in Paris, uma instituição avant-garde de artes contemporâneas independente, sem fins lucrativos, tornei-me diretor do seu prestigioso Center for Media Art and Photography. Anos e anos a renda vinda da venda de obras tornou-se uma importante fonte também. Quando deixei a fotografia por quase 12 anos para compor música contemporânea para a dança, vídeo arte, cinema de formato especial e meu grupo de pesquisa Private Circus, eu ganhava a vida a partir dos royalties sobre minhas composições, bem como com o meu trabalho de consultoria e produção no campo áudio-visual. Eu sempre fui uma pessoa muito ativa e uma pessoa muito curiosa. Eu também tenho muita sorte. A sorte tem um papel, que as pessoas queiram admitir ou não.
No Brasil, é mais difícil viver de sua arte, mas isso não deve ser visto ou usado como uma desculpa. Quando você é um artista, você deve produzir um trabalho e assim você faz o que tem que fazer para produzi-lo. Claro, isso inevitavelmente envolve concessões, mas ser um artista não é uma escolha. É como o vício em drogas. Você precisa de sua dose diária. Eu aconselho aos jovens artistas de obter qualquer emprego a tempo parcial possível, que lhes permita continuar produzindo. Para os artistas visuais isto é mais fácil do que para os dançarinos, por exemplo. Dançarinos tem que ter aulas rigorosas e ensaiar todos os dias durante todo o ano. É muito mais difícil para eles encontrar atividades que não interfiram com a sua capacidade de fazê-lo com a dedicação necessária.
Sinto que os fotógrafos foram se escondendo atrás de suas tradições por muito tempo, isolando-se voluntariamente como algum tipo de caso especial nas artes visuais. Quase todas as grandes revoluções e evoluções do século 20 passaram despercebidas por eles. Eu não posso enfatizar suficientemente a importância de compreender os processos que enquadram as criações em outras formas de arte. Como viajar a culturas estrangeiras a experiência abre nossa mente. Como já afirmei anteriormente, pintura, performance, música e dança contemporânea todos tiveram impactos enormes sobre as maneiras em que eu abordo minha tomada de imagem.
PP: Sobre o livro “Pensar, Sentir, Ver”, o que você espera passar com ele? Qual o público que você pretende atingir?
SM: Meu trabalho no Brasil foi bem diferente do meu trabalho fotográfico anterior, mas muito parecido com minhas composições musicais. Talvez devido a minha idade, ou pela mudança no ambiente cultural ao mudar de Paris para Florianópolis, tive uma perspectiva diferente sobre o meu desenvolvimento como artista ao longo do tempo. Escrever sobre a jornada, minhas influências e os fatores que eu pensei ter feito minha viagem única parecia ser uma forma de esclarecer ainda mais as coisas. Esta coleção de ensaios “Pensar, Sentir, Ver” começou como artigos na Photo Magazine e cresceu em uma coleção bastante densa de pensamentos sobre o processo de tomada de imagem em fotografia no século 21 com base em minhas experiências e trabalho.
Então penso que pode-se dizer que escrevi os ensaios por essencialmente duas razões:
Em primeiro lugar para esclarecer meus próprios pensamentos sobre a natureza e evolução dos processos que têm enquadrado minha criação de imagem por quatro décadas.
Em segundo lugar para fornecer um guia prático para se libertar das regras e regulamentos tradicionais, que na minha opinião tem sufocado a fotografia nos últimos 70 anos. Eu não quero que as pessoas façam imagens como as minhas ou como as de qualquer outra pessoa. Eu quero que encontrem seus próprios oásis no deserto e isso geralmente significa perder-se em primeiro lugar e aprender a gerir e explorar este estado instável de coisas.
A arte é sobre fazer perguntas, e não sobre o fornecimento de soluções ou respostas às perguntas. Este é o trabalho fotográfico comercial. Se o livro ajuda os fotógrafos a questionar por que e como eles fazem o que fazem e incita-os a experimentar com outras opções e aprender sobre como os artistas em outros campos abordam as mesmas perguntas, então considero um sucesso. Eu não tenho outro objetivo, apenas incitar fotógrafos ser brutalmente honestos consigo mesmos e tentar descobrir quem realmente são e o que eles têm a dizer. Não se trata de provocação pelo amor à provocação. É uma jornada pessoal séria que não tem igual comoexperiência pessoal. O livro é para todos os fotógrafos que procuram a mudança, que querem fazer imagens sobre o que sentem e pensam em vez de simplesmente sobre o que vêem.
PP: Você tem alguma dica ou mensagem para os fotógrafos que buscam se consolidar neste mercado?
SM: Bem, eu tenho duas mensagens diferentes para os dois principais grupos de fotógrafos.
Para aqueles que trabalham no domínio comercial, é imperativo ser capaz de oferecer aos clientes o que o mercado pede que você ofereça, com grande qualidade e, se possível, com uma nova perspectiva que faz o trabalho ser seu. O trabalho comercial é sobre a satisfação do cliente, mas não tem que satisfazê-lo apenas da forma como ele espera. Inovação geralmente compensa se for enquadrada na perspectiva baseada em considerações de mercado. Assim, embora o meu livro seja sobre o lado autoral da fotografia, eu acho que continua a ser altamente relevante para fotógrafos comerciais à procura de novas abordagens e inovação em seus processos de criação de imagem.
Para os jovens artistas que escolheram a fotografia como sua mídia, o meu conselho é bem diferente. Fique intensamente curioso, corra riscos com o seu trabalho, quebre regras, busque novos territórios, aprenda sobre outras formas de arte, viaje para qualquer lugar que você não conheça, nunca faça concessão e seja forte. Você é um rato de laboratório e pesquisador, ao mesmo tempo e, como tal, é difícil manter o equilíbrio. Acostume-se com o fato de que é assim que deve ser.
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THINKING, FEELING, SEEING
Perception and Process in Photography
This collection of 16 essays is a highly personal provocative and cosmopolitan look at the process of conceptualizing and making photographic images today and the importance of cross-pollination with the creative processes of other forms of artistic expression in the visual and performing arts. As an artist who firmly believes in the importance of unrestricted sharing of information, techniques and processes, MacLeay’s objectives for this collection of essays are clear from the very first page: inciting constant questioning of the status quo, promoting the exploration of alternative conceptual frameworks in order to stimulate analysis, debate and innovative changes in the way we approach and define contemporary photography. The essays touch on a wide variety of themes that are best summarized by a quick look at the list of essay titles:
Beauty: The ultimate objective? An obstacle to progress? Irrelevant?
Black and White Photography: Reflections on tonal imperialism
Thoughts on the Difference Between Framing and Composing: An important, neglected distinction
Truth / Lie Duality: Looking into photography’s soul
Cross-Pollination in the Arts: Enriching the medium
Directional Scanning and Border Zone Considerations: Perception and spatial organization inside and outside the frame
Thoughts on Simultaneity and Layers: In search of the intangible
Analogue B&W or Monochromatic Digital: Does it matter?
Movement: Alternative perspectives
Conception / Realisation / Presentation: The traditional framework: exhibitions
Conception / Realisation / Presentation: Alternative frameworks: photobooks and the Web
Commitment, Coherence and CredibilitY: Personal oases, wind and undisguised truth(s)
The Curator: The blurring of roles
Grey and Grey: With a little black,…and perhaps some red?
Diptychs / Triptychs / Polyptychs: Multiple images - multiple perspectives
Interferences: The art of maintaining a state of disequilibrium
In his own words, “My ambition in bringing these essays together in book form was to make a contribution to filling what I perceived to be a gap in photographic literature in general. We have great philosophical works on the visual arts and photography by art historians, theorists, critics, semioticians and philosophers like Roland Barthes (La Chambre Claire) and Susan Sontag (On Photography); we have a veritable mountain of technical and descriptive photographic literature by a multitude of diverse authors writing in books and magazines worldwide, and yet, it seems to me there are few books designed to serve as practical guides for young photographers trying to escaping the what might be described as the tyranny of traditional photographic thinking. Taken together, these essays provide a critical look at the medium, my views on its strengths and weaknesses, where it has been, and were it might go. These essays do not constitute a textbook, although their objective is pedagogical in a very broad sense; my aim was simply to provoke thought about photographic traditions and conceptual frameworks and how they relate to those found in other forms of artistic expression. Their pedagogical value is not, therefore, to be found so much in the specificity of my personal arguments and reflections, as it is in the importance of what underlies their formulation: the development of a critical regard and questioning process capable of generating new perspectives on our work. The essays are simply an attempt to kick-start reflection about what we do and why we do it in the manner in which we do it among those young photographers who seek to extend their practical limits and the conceptual foundations that frame them.
Photography is part of today’s contemporary art landscape. Although the fine art graduates of the best universities in cultural capitals around the world may be fully aware of the implications of this situation, there remain a significant number of young photographers who still approach the medium with ideas that are effectively more than a century old. Hopefully these essays will find their way into their hands, not because their approach is wrong, but simply because their approach should be a choice and not an “a priori” given.”
©2015 ECM2ART
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May 2015
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March 2015
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Article on Scott MacLeay's work in Jurerê News
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Three-part TV interview of Scott MacLeay in March 2015 concerning the launching of his book THINKING, FEELING, SEEING : Perception and Process in Photography (This video is in Portuguese)